Vesti minhas asas de poeta…

05 de novembro de 2015

Sinto na alma a dor que esmigalha,
O corpo ereto que sustenta o orgulho.
Ah, se eu pudesse recorrer à lágrima!
De joelhos estaria eu bem mais seguro.

“Anjos sociáveis”— Demônios travestidos!

À noite, sequer estes me deixam dormir.
Maldade e ódio em idolatrados risos postiços;
Armo-me de Deus para os poder resistir.

Minh’alma recolhida em leito de disfarçados gemidos,
“Anjos” insones escrutinam “antecedentes criminais”.
A verdade enfrenta hordas de sórdidos inimigos,
Que sentenciam ao justo, sendo eles os marginais.

Por que insisto em dar surdos gritos,
Às ondas malditas de um mar tão revolto?
Dizem ser “teimosa tolice” porquanto persisto,
Em tentar apagar o próprio inferno com fogo!

Caldeiras se eufemizam em “departamentos”,
Nelas pagamos por não termos pecado.
Sob grilhões de chefes há dor; há sofrimento;
Fazenda é inferno! — e nós, escravizados gado.

Em campos perdidos há debilitadas reses sangrando,
Às marcas de fogo que lhes impuseram “seus donos”.
Mugidos plangentes ecoam em ressequidos campos,
Furtam-lhes a chuva, a esperança, a paz, o pão — o sono!

Sob currais de fogo, ferro e grilhões de falácias insidiosas,
O gado ferido implora paz aos algozes e sádicos fazendeiros.
Mas, por que ouviriam as reses que já lhes são “mortas”?
Quem dará ouvidos a feridos novilhos, vacas e frágeis bezerros!

Eis que há uma reunião tumultuada no cetro do poder:
Malignas faíscas riscam à mera menção do meu nome.
Com pautas sob metas de ódios ouço seus dentes a ranger;
Deus! — São diabólicos leões contra um simples homem.

Calar? — De tanto tentar; de tentar já parei!…
Rezar? — Rezo sempre de espada em prontidão.
Se “Anjos sociáveis” queimam ao pobre com “leis”,
Jamais haverá verdadeira paz para o meu coração.

É tempo de guerra; é tempo de reza,…
Espada não se ajoelha; joelho não medra.
Certeza é que nunca haverá paz na terra,
Enquanto a língua vil do inferno impera.

Ferido! — Estou à beira da morte — não importa!
Mesmo a um guerreiro, a traiçoeira espada abate.
Ainda que a História não mencione-me em notas,
Por Deus serei lembrado como um justo mártir!

“Destruam aquele que para nós não reza!”
Soou em sinistros nos corredores infernais…
Vesti depressa minhas asas de poeta,
E fiz das palavras minhas armas mortais.

Edição de Imagem:
Valdiwilson Monteiro.
©_04 julho de 2015

Deixe o seu comentário

Você precisa estar logado para postar um comentário.

Quem somos

SINATFISCO – Sindicato dos Agentes de Tributos da Fazenda Estadual do Piauí. Trata-se de entidade sindical representativa dos Agentes de Tributos da Secretaria da Fazenda do Estado do Piauí (SEFAZ-PI).

Email: sinatfisco@sinatfisco.org.br

Redes sociais

SINATFISCO – Sindicato dos Agentes de Tributos da Fazenda Estadual do Piauí. Av. Pedro Freitas nº 1765, Salas 103 e 104, Bairro Vermelha, CEP 64018-000. ©Sinatfisco 2017