SINATFISCO vê ampla “folga fiscal” ao analisar 1º Relatório da despesa com pessoal do Executivo Estadual de 2024

31 de maio de 2024

Já chegando em junho de 2024 (quase metade do ano), finalmente os servidores do Estado do Piauí veem chegar ao bolso a reposição salarial com os MÍSEROS 5,35% sobre os seus VENCIMENTOS. Claro que essa reposição é tardia e INSUFICIENTE. O GOVERNO RAFAEL FONTELES fez-se de surdo aos apelos dos sindicatos e associações acerca da necessidade da recomposição salarial em função das perdas pela inflação também dos anos de 2021 e 2022, uma vez que a reposição ocorrida em 2022 foi alusiva a 2019 e 2020. A reivindicação dos servidores, todos lembram bem, sempre foi 22% de aumento, para assim restabelecer o poder de compra que tinham antes da pandemia de COVID-19. E a INDIGNAÇÃO se torna maior ainda por que há uma compreensão generalizada de que o momento financeiro e fiscal do Estado é bastante favorável. Para comprovar, basta olhar os relatórios oficiais que a Gestão é obrigada a disponibilizar.

Por exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (L C nº 101/2000), foi publicado no diário oficial do Estado, na última quarta-feira (29/05), na página 325, o Demonstrativo da Despesa com Pessoal referente ao 1º quadrimestre de 2024. Para quem não tem familiaridade com esse tipo de relatório, trata-se do histórico dos últimos 12 meses da despesa com pessoal, fazendo-se a comparação do total acumulado da DESPESA LÍQUIDA com a RECEITA CORRENTE LÍQUIDA apurada nos mesmos 12 meses. Veja dados resumidos na tabela abaixo.

Em comparação com os dados mostrados no relatório do quadrimestre anterior, publicado em dezembro de 2023, A despesa bruta aumentou de cerca de R$ 8,5 bilhões para R$ 8,8 bilhões, refletindo, entre outras coisas, aumentos de gratificações e a contratação de servidores (policiais, por exemplo) e de pessoal terceirizado, ao longo do ano de 2023. Já as deduções, em vez de aumentarem também, fizeram foi diminuir, de cerca de R$ 2,3 bilhões para R$ 2,2 bilhões, em função de uma redução brusca, nos meses de março e abril, dos recursos do FUNPREV utilizados para o pagamento das aposentadorias e pensões. Com isso tivemos um aumento mais vertiginoso da DESPESA LÍQUIDA, que foi de cerca de R$ 6,2 bilhões para R$ 6,6 bilhões. Mesmo assim, como a RECEITA CORRENTE LÍQUIDA aumentou significativamente, de cerca de R$ 15,3 bilhões para R$ 16,2 bilhões, o percentual da DESPESA passou apenas de 40,15% para 40,68%. Caso os valores a deduzir referentes aos recursos do FUNPREV não tivessem tido essa redução acentuada na reta final (meses de março e abril), o percentual de DESPESA ficaria algo em torno de 39,75%.

“O Estado hoje conta com uma boa margem fiscal. Está longe de atingir os 49% de limite máximo de despesa com pessoal, estipulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O que falta mesmo é o Governo se sensibilizar para a questão do funcionalismo público, que está com o salário defasado desde a pandemia de COVID-19. Naquele momento os servidores foram até compreensíveis, dada a dificuldade financeira do Governo e de toda a sociedade. Mas agora os tempos são outros. A economia voltou ao normal, as receitas do Estado crescem ano após ano. Vivemos um tempo de bonança e o governador Rafael precisa ver também o lado do servidor. 5,35% sobre os vencimentos são irrisórios frente o achatamento salarial em que vive o servidor”, afirma Augusto Müller, presidente do SINATFISCO.

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